terça-feira, junho 9

Discurso poetico de poeta que nunca fui.


Em meu discurso poético travaria ilusões, diria mil mundos e fundos de eiras e beiras translúcidas. Faria correntes de humores esbravejantes e sentinelas em molho rose. Sentimentos flutuariam e os puxaria de modo complacente a conformidade, todo minuto seria de sagrado sacramento a beldade avistação do poeta que nunca fui. Ah! esse discurso poético de poeta que nunca fui, jamais poderia. Se minhas mãos não afagam aos minutos as minúcias dos amores que perdi, nem mais declamo em pedaços de papéis misturados ao chão sujo o meu clamor matutino, o meu entristecer entardístico e minha semeadura noturna. Nunca fui poeta de conduzir as palavras para os sete ventos, nem a dois passos daqui. Poeta não sou se as sílabas me fogem, se não escrevo de imediato. E se não o faço, os sentidos escorrem sobre os olhos e evaporam na solidão. Isso sim sei fazer de melhor, quando só, conduzo o pensar mais exausto que existe. Aquele pensar que se concebe e se traduz no mesmo ser, o velho pensamento da existência de um poeta que nunca existiu em meu coração... ou persistiu no mundo.

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