terça-feira, dezembro 23

De Saturno

Andei introspectivo pelos dias, inútil e desnecessário como sempre.
As serdas andam cada vez mais agudas, serdas mudas, agudas.
Nada e tudo parecem iguais, verdade de mentira não se desfaz,
com tudo, contudo e com todos.. os ventos sopram tão frios.

Fico a mercê dessa insensatez, a margem dos centrados hemisférios,
assim estou submerso em algum mundo distante. Ásia de minha vida...
Ilhado em um submundo chamado eu, e eu que é bom não me aparece.
O você talvez me interesse, e depois não quero mais saber de mundos distantes.

Mas posso dizer tudo a você, posso te contar cada detalhe,
e não entenderás a dispersa forma, desse mundo em que me recostei.
Não saberás porque brilha o orvalho pela manhã nos coqueirais,
nem porque a noite as águas morrem em sedentos precipícios.
Não entenderá porque vou embora, nem porque fico aqui te observando.
Nem se as vezes me encaro vivo e intenso, nem porque morro a cada segundo.

E nada será como antes, presente desse presente inesquecível.
E o segundo que passou já é passado, quando escrevi o involuntário,
onde fiquei, onde finquei meus dias em pouquíssimas palavras.
E só me sobraram alfabetos, e de letras me lembrei de dias amargos,
e de frases ri sozinho na sala, e de loucuras sobrevivi em meus dias.

Não me deixo ir embora.

Nenhum comentário: