sábado, outubro 17

O amor dos brutos




Tomou as mãos o frango e o arroz e enfiou tudo na boca sem qualquer parcimonia. De lá emergiam restos e grunhidos, gritos dos pobres engolidos e sacrificados. Mastigava pouco e engolia tudo tão rápido que as bocadas desvencilhavam mesas de jantar inteirinhas. As unhas cheias de carne, nos dedos a gordura do assado a criar uma película de um bordô dourado. Seus braços gordos e peludos se esticavam de forçoso para o rebobinar da situação, entretidamente consumida em si por algumas longas passagens. Nada cercara seus olhos, além do manjar de seu prazer. Nada lhe despertava o mesmo, comer era sua sina. Mas a língua não sentia nada, os dentes tão pouco... a garganta é só passagem para o que o estômago destrói. Quem sentia o que de prazer? Além da vontade de se consumir o quanto antes possível....

Nenhum comentário: