domingo, novembro 13

Ao que talvez nem pratico

Ela se apossou de tudo aquilo que construiu com o vasto tempo que viveu ao seu lado. Cada manhã que sequer na dúvida da amizade, construiu o mínimo de civilidade e apreço, pois não existe apoio a mesa breve e fina. Pôs suas mãos nas suas, como quem afagava suas próprias mágoas, e cintilantes iam cobrindo seus medos pelos corredores. Não há nada mais amargo que sentir-se fora, fora de um sentimento alheio, fora de uma palavra amiga, fora de uma aceitação. Tudo aquilo que está a margem de si mesmo, esquecido e repudiado na direção dos dedos que apontam, e em inverdades vomitam arrogância. Por mais que o tempo fizesse uma união, era tão raso sua admiração quanto a força de sua companheira, que para viver estendia-se brutalmente ao respiro. Quem disse que estamos livres de sermos deixados, esquecidos e invalidados, a todo tempo uma atitude assume toda uma história, que despercebida e falecida de sua extensão se vai na brevidade do ato. Ainda que de vez em quando, tento exercitar em mim o esquecimento, no breve que meu ego me despede da humildade. Mas voltando, lembro.... e não há tristeza maior, não existe um orgulho precioso em perceber a decadência de uma relação alheia, e não intimidar-se pelo encantamento -agora seu- onde questiona-se a inquietude do ato miserável ao outro. Suponho que espero da punhalada a beira de meus olhos o mais breve dos meus pensamentos, que os quais preparo num caldeirão de coisas as quais enxergo e possuo. Não me iludo tanto com essas esferas bonitas, onde nas orelhas e nos olhos as vezes tilintam a bondade. Não me sinto, preenchida e pertencente a alguém que não escolhe o bom coração e as limitações dos seres humanos. Por mais que minha alma perseverante e muitas vezes preconceituosa destrua muitos bondosos corações por ai, e que de fato jamais fui a mais clemente e bondosa criatura existente, mas sim, sim fui calorosa aqueles que me foram sinceros. Até mesmo quando achei que no mínimo da convivência, entender o outro é o mais difícil e doloroso apesar de nossas próprias dores e inevitáveis momentos de intolerância, devemos permanecer na justiça e na temperança. Como julgar e praticar o abuso da ignorância com quem fraqueja e reluta aceitar certos jeitos, e talvez esquecer de julgar a si mesmo, na maior condolência de sua já fraca existência. Não é justo interromper uma amizade por vaidade e pouco espírito, não é justo abdicar de sentir-se próximo a quem tanto lhe necessita e permanece, talvez não sejamos fortaleza de coisa alguma, e nem balança da vida que percorre seus olhos, mas nunca, nunca na ignorância e brutalidade.

Nenhum comentário: