sexta-feira, janeiro 9

Hoje pela manhã

Hoje levantei tão cinza quanto minha sandália se tornou em dois dias. Meu cabelo estava sujo, minha cara amassada e minha cabeça não calava a boca. Bom dia sexta-feira, dizendo com ar de chuva se aproximando. Levantei as onze e lembrei que dormi as três, férias malditas. Férias demais servem pra você olhar para um monte de coisa errada que tem dentro de casa e perceber que você não tem um pingo de saco pra arrumar de verdade, limpar com fidelidade e comprar por necessidade. Comprar é uma palavra que ultimamente tenho substituído por "preciso" apenas, sem continuar a frase. Todo santo dia eu gasto o resto do dinheiro pequinês que ainda me resta. Mas, me pergunte com o que foi que gastei? O consumismo é um amigo imaginário da criança que mora no meu cérebro, e ele sempre consegue o que quer. Depois de descer as escadas, tirei dos olhos um cisco, ainda não colocaram o forro no primeiro andar e isso me irrita profundamente. Os pés ficam pretos como se pisasse em carvão e por outras alguns desses ciscos caem como plumas em seus olhos. Mesmo assim, desci não tão irritada.
Na minha cabeça haviam três alternativas possíveis; cozinha, sala - ou computador, se preferir - ou banheiro. Digo que a maioria das pessoas iria primeiro escovar a dentadura, tomar um banho ou sei lá o que. Decidi ligar o computador e desdenhar de algo que mal começou, escrever com humor sobre o forro da casa, ou de como eu estou desesperadamente entediada nessas férias e quem sabe falar um pouco sobre a monogamia dos pombos, fiquei no primeiro.
Geralmente meu dia só melhora com música, portanto tratei logo de ouvir Supertramp pela manhã. Assim deixei o ar cizudo de serragem preta sob os pés e passei a sorriso amarelo e bafinho matinal, ô dia maravilhoso!
Tomei meu lindo banho e por conseguinte escovei os dentes, tomei o meu café, e sentei novamente com o ar de brilhantismo e sinceridade sarcástica. Bem como mamãe me ensinou.

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