quinta-feira, janeiro 22

O céu

De longe talvez sempre possa olhar de uma forma tão bela. E como poderia dizer algo que não fosse tão belo ao céu. Sentada no segundo degrau da minha varanda, permaneço. Recosto a cabeça sobre a pilastra de um tilintar cintilante, um areal gostoso de se sentir à pele, não é gelado e não incomoda. Cultivo em meus olhos a imensidão de meus dias, sobre minha cabeça tantas estrelas, e a cada segundo que perpetuo minha visão, cada vez mais delas surgem para me cumprimentar. E que sorte tenho, tantas delas nessa noite puderam comparecer.
Logo Sagitário me dá alento, de fato, não era sequer Escorpião... mas uma vontade sincera de reconhecer o murmúrio daquela constelação inquietante. Apontava pro sul inusitadamente, de uma forma que aposto, me lembrarei por um bom tempo. E de que estrelas posso dizer mais? Talvez o brilho de nenhuma delas existisse, se o céu não se cobrisse com um manto azul escuro, se ele não resguardasse o seu celestial matutino ou seu crepuscular diurno. E nenhuma estrela brilharia tanto ao lado daquele apontar silencioso, se não fosse o céu. Se não fizesse um acordo perpétuo com a maior das estrelas, e pudesse esclarecer quem poderia, quando, e de que forma maravilhosa. Assim de tão grandioso, parte dele se perdeu em minha memória falha. Em uma memória seletiva de aquisições, onde reside um fado imenso de repercutir indagações pálidas. E que cor tem a minha memória, se não esta.
Já não enxergo sequer varanda, se alguém me visse as vistas, enxergaria uma enorme galáxia. Giraria em torno desses meus momentos tão singulares. O céu sou eu quando adormeço, talvez meu brilhar se apresente de dia, pois sonho melhor acordada do que de qualquer outra maneira. E de noite? ahhh de noite, sou apenas um calar singelo, uma reflexão do brilho ao longo do dia. E se o céu a noite sou eu adormecida, meu brilhar noturno se apresenta em estrelas diminutas, cada uma apontando pro seu cardinal preferido. E onde está a minha estrela D'alva? talvez guardada num sorriso interno. Meu manto azul-escuro são meus olhos, que me permitem ser dia e noite, a qualquer momento. Mas se por hora me perguntarem se gosto mais do dia ou da noite, acho que responderia por imensa facilidade, gosto do céu.. e nada mais.

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