segunda-feira, março 10

Como sempre faço.

Corri pro ponto
peguei meu cartão
bipei o bendito
sentei na cadeira
olhei o malandro
virei e dormi.
Dormi sentada
bolsa abarrotada
caderno na mão.
Pés doloridos
perfume esquecido
dinheiro na mão.
Olhava pro fundo
pra ver se cadeira
restara pra mim
ficar sozinha
era tudo, enfim.
Janela bonita,
praia e azul
amarelo e vermelho
areia e mar
se assim fizesse
janela pra mim
eu pudesse respirar.
Mas só olhar
olhar pro malandro
a me olhar
me olhar também.
Com tanto medo
quanto eu.
Apesar do susto
cansada estara
e dormi assim
que nem vi,
quando sequer percebi,
no malandro amigo
travesseiro fiz
chamando-me no ponto
que ele descera..
cara amassada
baba a escorrer.
Finalmente sozinha
a janela sonhada
de sono e janela
vidro e balançar,
bati a cara
essa cara amassada.
Reclamei a bessa
como faço sempre
resmunguei sozinha
voltando a dormir.
Ponto meu chegara
quase que perdi
sono que me tomara
ao sair assim
do degrau escorri,
quase cai,
mas rápido pulei
disfarçar a vergonha,
de malandra que era
sai a resmungar,
como sempre faço
faço ao falar
dormir em ônibus
pra cara esborrachar.

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