sexta-feira, março 14

Pelô

Cores que não saem do meu ver, pessoas que não cansam de olhar, como eu.
Passos difíceis, porém prazerosos.. passear tão lentamente sobre aquele espaço, cheio de luz e sombras, cheio de arquitetura antiga, cheio de gente com algo pra lhe dizer... essa gente, gente que só existe na Bahia. Que se mistura por todos os lados, por todas as ruas, nuas e prontas para serem descobertas.... negros, brancos azuis e amarelos, juntos sob o sensível olhar do Pelô. Antes casa dos mistérios humanos, que presenciou tantas vezes a vida de muitos que se foram, foram... Cheio de Obá, Obalá, Obatolá, cheio de Jorge... cheio de Vinícius.. e até Neruda... cheio de acarajé abará e caruru... cheio de Olodum, de música antiga.. de sons indescritíveis.. cheio de gente feliz, gente infeliz... gente que luta pra sobreviver.. cheio de mim, de você e de tantos outros que do mundo, vem o ver.
Cheio de fitinhas coloridas do Bonfim ao passear nas mãos do que as vende, passear a mercê dos ventos que lhe abraçam. Antro de sorrisos estranhos, mas convincentes. Não se sabe se sorri por pura obrigação.. ou se o sorriso é seu cartão de visitas. Perde-se sob o chão acidentado, as ladeiras.. tantas subidas e descidas, entradas em becos e poucas vielas. Todos aqueles berimbaus pendurados.. a música que ecoa nos ouvidos, por mais que a boca os mantenha calada, os olhos dizem com tamanha impressão e a câmera grava seu momento de pura diversão Soteropolitana..
Conhece pessoas de boa, de má e de forma alguma, diria. Conheces, aqueles pelos quais habitam todo um mundo, habitam o Pelourinho de ventos, de altura e de solidão... Pelourinho de pessoas, de crenças de memória e magistral forma. Conheces um Pelourinho só teu, com cada olhar que o fulmina. Antes, me era tão velho como quando era pequena.. agora me parece, cada dia mais, tão igual e misterioso, como sempre fora...

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