sexta-feira, março 7

O que envolve um pedaço de madeira.

O vi pregado sobre uma cruz, pouca luz ao seu redor e um vermelho bordô sobre seus pés, mãos e cabeça. Pendurado no alto da parede do museu, era-me como um velho conhecido, que há tempos não o via tão de perto. Sobre a cruz, sua madeira me era estranha,o ferro que lhe transpassava as mãos e os pés me faziam esquiva à imensa estátua.
De frente me trazia angustia, daí então resolvi ve-lo por onde não me coubessem esquisitices, logo, ao lado dele me coloquei, mas vi que ainda sim, aquele pino ressoava mais do que o normal,
cortante só de ver, e como tão antes quis, nem ao menos angustiante deixou de ser.
Apesar de ve-lo, tão grande como antes nunca o vi. Não senti sua presença magistral, não era aquela madeira que me convidara a exaltar o melhor de mim, nem ao menos fazer uma prece para os que amo. Era um homem, que não só em estátua se fez, dentre os milhares de quadros
a sua volta, a contar sua vida, sofrimento, dor e ressurreição. Era para mim como um amuleto, sua representatividade física me expõe a encobrir-me de um resgate de uma série de informações, das quais despertas pelas telas, pelo olhar para os céus ou quem sabe, sobre a angustia que me causara, aqueles pinos.
Há mais de místico em nós do que em qualquer pedaço de madeira, pé de coelho, trevo de quatro folhas.... Crendices, pois, quando o homem precisa de algo para lhe guiar, a fé, crença, religião, estátuas, cantos, preces... ele abraça, um envoltório de causas, esperanças e divindade, ao amuleto, a peça que lhe abstem de desacreditar, ao fervor de renascer com uma causa, um motivo para continuar e assim não deixar que a vida se faça de martírio.

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