sexta-feira, março 21

Where's my sunshine?

Onde está, por favor?
Sempre me procuro nas ruas, na tv ou pelos mundos e fundos que canso de ver ao dia. Nas caras, nas palavras e nos obstáculos, será enfim a busca incessante de cada um?
Hoje remeti os meus velhos sentimentos de criança, ainda vivos e como. Senti-me livre para desperdiçar meu tempo, para falar bobagens, ficar de pijama, laços no cabelo e loucura nos quadris, dançantes.
Coloquei o som bem alto, pulei entre os azulejos grandes... cada um se fez um espaço, para que meus pés (juntos) pudessem tocar o espaço interno quando pulava, lembrei rápido das amarelinhas e os bambolês nas gincanas do colégio, se mantinham no chão e nós tínhamos de pular de um ao outro, rápido!
Bem, a música? Bem dançante eu diria, não mais do que meu corpo.. engraçado, Ninoca sempre me acompanha, ela gosta... corre comigo e dança no chão com seu pelo esvoaçante e seu rabinho minúsculo que incessantemente balança. A salão se fez pequeno pra nós, enquanto a pego do chão e no colo aponho seguro sua patinha e danço com ela, não sei se pensa que sou louca, mas ela adora. Depois a solto no chão, corre feito uma doida.
A chuva lá fora se fez maior, grossa e impiedosa, adoro. A casa fica úmida e o ar delicioso, uma aroma que me lembra meus avós. Minha mãe estava estudando, parou um pouco e veio até a sala, eu sentada na cadeira mexendo as pernas e os ombros, ela me olha, me vê e sorri. Passo-lhe a perna sobre as costas da cadeira e logo viro de frente a ela, que fica impressionada. Levanto rápido e ela faz uma dancinha junto a mim... depois sai correndo, vou atrás e a agarro, aperto sua barriga e ela morre de rir. Engraçadas essas coisas, sempre acontecem. Corremos, deitamos no chão gelado e ficamos, a falar besteiras e colocar a Ninoca na barriga e ela dorme, claro. Fora as dancinhas, como ditas antes, sempre inesperadas, de tango, rock'n roll à salsa.
Chuva e feriado é uma delícia, pra quando se sabe aproveitar. Meus olhos sempre atentos a um filme, ou meus ouvidos a uma música, um pedaço de chocolate a minha boca e enfim, esse é meu êxtase, tão simples.
Meu irmão foi trabalhar, mas é tão louco quanto nós. Talvez a responsabilidade bateu a porta dele cedo demais e o fez tão homem quanto é, eu diria. E como o admiro, pela sua frieza não tão fria e pelo seu coração caloroso e gentil, apesar dessa casquinha ruiva.
A varanda se fez molhada, meus pés fazem lama a porta da garagem, saio sujando tudo... mas depois volto e limpo. Parece que as plantas vibram quando essa chuva se apresenta, depois só as gotículas em suas folhas fazem festa e deixam aquele aroma no ar, tão gostoso. Engraçado, depois daquela chuvarada o céu se despiu de azul em lacunas tão grandes e generosas. O cinza aos poucos se desprende e vai embora pra onde veio, ou vai enfim, aonde nunca foi.
Os sinos anunciam o sorvete, loucura? Nada, delícia. Corri daqui, parei de escrever imediatamente, peguei umas moedas no bolso do short de ontem e fui, correndo à porta, como criança atrás de doce -eu!- haha.
Nina claro, corre atrás de mim. Consegue ser mais curiosa do que eu poderia na vida quem sabe ser. Pego ela no colo e abro a porta feliz, e ele estava lá! Mas, não era sorvete! hunf... era picolé!!! Gosto de picolé, apesar de me sujar toda. Gritei na garagem que tem duas janelinhas pra cozinha, onde minha mãe voltara a estudar na mesa de jantar. Mangaba,Amendoim,Cajá,Açai ?????? E ela de longe responde, Cajá!!!! O velho homem empurrando aquele negocinho que não sei o nome, não me pareceu nada molhado, talvez, se escondera pelos telhadinhos dos portões das outras casas. Algumas tantas moedas lhe joguei as mãos, ele me perguntou quanto queria, eu lhe disse o que desse. Quando escuto lá de cima meu pai me chamar, Jammmme, amendoimmmm!!, Ohhh ok, disse. Desce um amendoim ai meu tio!
Então me veio, dois de Amendoim, um de Mangaba, outro de Açai e o de Cajá. Enchi a mão e os olhos, uma das mãos claro, na outra carregava Ninoca, que cheirava de longe o picolé. Só de longe. Me despedi e agradeci, fechei o portão, a soltei no chão e fui pra cozinha. Meu pai logo desceu, e minha mãe esperava junto a mesa. Deixei o Cajá ao seu lado, peguei o de Mangaba e entreguei nas mãos, o Amendoim. Faltou alguém que me olhava lá de baixo, e lhe disse não, com um sorriso na boca, ela entendeu claro.
Há sol aqui o ano inteiro, essa terra ensolarada é propícia ao sorvete... picolé.. mousse.. hmm. Bem como nos dias chuvosos, legal ir na rua feito uma maluca com uma calça cinza de dormir e uma blusa velha, um rabo de cavalo com um imenso laço preto ao segurar, algumas moedas nas mãos e uma cara de quem acabou de acordar. O sol me é saudade até quando é noite, não só o teu calor mas tua luz, porém, fico feliz o bastante quando chove.. aproveito essas peraltices em casa e tomo picolé de mangaba. Hmm..

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