segunda-feira, março 17

Chuva sobre a rua.

Redigi tanto meus passos aos teus naquela rua, que agora quando por ela passo nem meus pés mais me dizem coisa alguma, eles não me dizem para andar devagar à aproveitar tua companhia ou seguir em frente o mais rápido possível, para chegar ao seu encontro. Nada me dizem.
Por segundos resmunguei só, olhei o chão molhado, mas algo me fazia meramente não remoer mau humor, e era você. Você ali nos coqueiros, no céu que se mostrou aos poucos.. após a chuva que se fez, cessara quando naquela rua pisei. Era aquele céu, momentaneamente cinzento, que reclamava seu tom azul celeste e o tilintar das luzes amarelas, que cresciam sobre as nuvens... ao canto dos coqueiros que apontam ao meu destino. Era aquele horizonte brilhante, sob uma linha que me faz sentir infinita, me faz recobrar consciência e respirar, calmamente. Era meu horizonte de águas, de tantas águas... tantas.
Andei por onde sentira medo e descobri o tamanho do medo que sentira, meu medo por atravessa-la um dia sem estar junto a ti. Medo que se fez amigo, que se fez companheiro. Atravessei com um vazio constante, sob o verde que crescia aos poucos e o embalsamar de objetos jogados ao chão. A relva que me fazia,medo, tinha explicação.
Contei os segundos que por lá me angustiavam, fizeram-se quinze de agonia. Andei apressada, tímida e calada.. nem sequer olhei pra trás. As poças de água me fizeram demorar, mas ao meio fio me fiz apressada, então logo cheguei.
O portão correu, aquele barulhinho me era feliz. Sorri de canto de boca e atravessei a frente, subi as escadas e encontrei você, novamente. Você em fotos, palavras e objetos, você por todos os cantos da casa, sem sequer admirar-me. Você em pensamento bobo de ver-te, quando entrara, que surpresa seria, não saber se viesse... e abrir a porta com cuidado, você ali no canto da sala deitado, pensei por tantas vezes que esqueci de lembrar, tua ida.
À noite, fui-me embora. Passei novamente, agora calma sobre o que me fazia medo. Antes de passar, uma voz me dizia para não temer o infinito, não temer o desconhecido.. nem o inconstante. Guiei meus passos rápidos, mesmo que tremendo por dentro, mas dessa vez olhei pra trás e vi, o quanto de mim... é que eu realmente tinha medo.

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