terça-feira, março 18

Onde?

Onde está o bom dia, o boa tarde e o boa noite?
Onde estão as maneiras, as boas maneiras e os velhos costumes?
Onde está a cordialidade, a ternura e a fidelidade?
Onde está o com licença o obrigado e o por favor?
Onde está o você primeiro, o me perdoe e o vamos conversar?
Onde está o sorriso na cara, o abraço amigo e a palavra que não quer calar?

Onde está o tudo bem, o tudo bom e um pouco de humor?
Onde está o rosto amigável, a mão que se estende e a piada de bom valor?
Onde está o riso estridente, a cara de valente e o piscar esbanjador?
Onde está a simpatia, a humildade e aquele friozinho na barriga pelo amor?
Onde estão os amigos queridos, a espontaneidade e a boa e velha sinceridade?

Onde está o riso em demasia, o andar de mãos dadas e o ceder um pouco mais?
Onde está o levantar-se por bondade, fazer uma caridade e o cantar no elevador?
Onde está o grito de liberdade, a confiança sem vaidade e o amor sem dor?
Onde está o cantar pela cidade, o amar sem responsabilidade e certeza do novo amor?
Onde estão as crianças correndo, o rapaz tremendo e a menina ao ganhar uma flor?
Onde está a família feliz, o cata vento a girar e o cachorro que corre sem parar?
Onde está a bandeira estendida, a velha cidade querida e a saudade daquele mar?
Onde estão as pessoas felizes, os casais que vão se casar as latas no chão a tilintar?

Onde está o profissional satisfeito o consumidor respeitado e a carta de amor?
Onde está o andar descalço, o tomar chuva e o amar sem sentir dor?
Onde está o respeitar dos mais velhos, a cantada sem critérios e a amizade sem mistérios?
Onde está a compreensão, o vaso de flor regado no chão e a voz da paixão?
Onde está a paz no mundo, o cuidar da natureza e o agir sem rancor?
Onde está a vida tranquila, o usar de chapéus e o abrir dar portas?
Onde estão os casais apaixonados os amigos embebedados e o conto enfim, contado?
Onde está o rapaz que se apaixona, a menina que diz que o ama e o casamento por amor?

Onde estão as roupas mais simples, a cara de sono e o disco do vovô?
Onde está a música antiga, a comida preferida e o gostar sem sentir vergonha?
Onde está o se redimir por errar, o perguntar e não se calar e o esforço por tentar?
Onde está a vida que nasce do chão, as vidas que brotam dele e as palavras do ancião?
Onde estão os livros que são lidos, os poemas aclamados e a poesia recitada?
Onde está a prosa que encanta, o conto que seduz e o escrever sem temer?
Onde estão os bons governantes, as pessoas conscientes e o brigar por causas reais?
Onde está o não ao etnocentrismo, o não a xenofobia e o não ao racismo?

Onde está o médico que ama, o jornalista que depura e o publicitário que não faz juras?
Onde está a vida descrita em versos, o esquecer de todo o resto e ver o sol se por?
Onde está a vontade de ser feliz, a voz que no peito te diz..
vá amar e seja, simplesmente feliz.
Onde está aquele que confia, aquele que é confiável e o sentimento valorizado?
Onde estão aqueles que se perguntam, aqueles que se questionam se tudo é real ou só ilusão?
Onde está a compreensão, o reconhecimento e o amar que vem de dentro?

Onde está o aluno interessado, o professor bem pago e o estudo prazeroso?
Onde está o dinheiro no fim do mês, aquele que vira freguês e
o bom e velho uso do português?
Onde está, pelo amor de Deus... o acreditar em alguma coisa, a vontade de
seguir em frente e o dar a mão a aquele amigo inconsequente?
Onde está o sentir-se saudoso, o pai amoroso e o aluno curioso?
Onde estão os novos filósofos, os novos presidentes e a palavra que valia tanto?
Onde está o chorar por felicidade, o sorrir de verdade e o gostar com sinceridade?
Onde está o gostar de si mesmo, o reclamar seus direitos e o conhecer sem preconceito?

Onde está a pura realidade, o telefonema de saudade e festa surpresa?
Onde está o pássaro que voa, a música que ecoa e o verde que lhe encanta?
Onde estão os planos pro futuro, o não se manter em cima do muro
e aquele que não diz eu juro?
Onde está o relacionamento que dá certo, o conceber o incerto e o crer que vai dar certo?
Onde estão os olhares delicados, os jantares não calados e os bons conselhos dados?
Onde está o senti-se feliz só, o sentir-se triste só e o sentir-se cada vez melhor?
Onde está a vida descrita em versos, o esquecer de todo o resto e ver o sol se por?
Onde estão os quadros pintados, os cavalos alados e o os amores não rejeitados?

Por fim, onde estão todas essas coisas que pra mim tem tanto valor?
Até mesmo escrever por tantas vezes, por tantas frases..
tudo que no peito se torna único, não vacila.. não solta minha mão.
Todos esses sentimentos, pensamentos de tudo isso que se torna meu querer.
Talvez escondidos por ai.. por aqui ou por acolá...
Mas pelo meu.. pelo seu, pelo nosso querer.

Um comentário:

marcelo disse...

Onde está você e meu sobrinho querido que não aparecem?...
Lindo texto! Apareçam!